terça-feira, 7 de junho de 2011

Ausência

O que é a ausência? Esta simples palavra, tão curta no seu espaço mas tão esmagadora no que nela transporta?
O que é estar, ficar, permanecer? Onde é que termina a presença e começa a ausência?
Porque é que o abandono transporta em si algo tão avassalador a ponto de impedir contactos e relações que se transformam em linhas de medo e incerteza?

A solidão eterna é bem mais fácil, bem mais simples, muito menos aterrorizadora do que a confiança...ainda assim o ser humano é um ser social que não pode viver sozinho mas, de tão complexo que é, perde-se no meio de caminhos divergentes e é muitas vezes incapaz de decidir o que no fundo deseja.

Nas relações revelamo-nos, não só com as nossas virtudes mas também com as nossas interiorices insuportáveis...mas revelá-las a quem à partida nos vai abandonar pode ser cruel e complicado.
Ao mesmo tempo, é a lógica natural das coisas, existem padrões que repetimos, em que procuramos pessoas que nunca vão estar presentes ou gostar de nós, na sua maioria pessoas que não querem saber, mas que estão, ainda assim, presentes e que sem a protecção da resistência nos podem atingir muito facilmente, de forma demasiadamente simples e que fazem de nós pessoas muito idiotas por acreditarmos em relações.

Pode parecer mais facil sermos nós a tentar abandonar os outros, mas há quem não o possa fazer sem sentir remorsos ou quem o deseje sem o conseguir...pessoas demasiado estúpidas para fugirem antes de serem magoadas, o que se torna num paradoxo sem solução, porque fugir não resolve, mas ficar e ser magoado também não é justo.

Sem que haja fugas literais, há desvios nas palavras e indiferenças que parecem a forma mais simples de lidar com tudo o que não queremos ver, com tudo o que pensamos ser caótico e incapazes de gerir.
Sendo que não dizer nada e ser indiferente é a melhor defesa contra tudo e posto isto e expondo o facto de não saber lidar com fins de relações, não sei que mais posso dizer antes de fugir definitivamente...

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