terça-feira, 30 de junho de 2009

Decisões




A minha realidade não passou, por momentos, de uma simples ilusão e fascínio desmedidos pelo incompreensível.


Perante a realidade da sala velha e poeirenta compreendo que as coisas não são mais do que meras ilusões e que os problemas são apenas criados por nós e não pelo mundo exterior.

Determinamos o curso das nossas vidas e "não são as coisas que nos aborrecem mas sim a nossa atitude face a elas".

As decisões tomamo-las num certo ponto temporal bem definido, mas apenas as assumimos perante nós e perante os outros ao fim de algum tempo. Primeiro reflectimos e digerimos, depois decidimos inconscientemente, de seguida continuamos a reflectir apesar de um ponto ínfimo e concreto dentro de nós nos alertar para a inevitabilidade de seguirmos a decisão que já decidiramos momentos antes.


Se o destino existe, então ele que junte os elementos que tiver que juntar no futuro. Por enquanto, acho que o meu destino continua nas minhas mãos e sou eu que o faço, portanto, não vou para o Porto.


:)

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Excerto "Cemitério de Pianos"




"A passagem do tempo fez-me perceber que o meu entusiasmo, comparado com a realidade, era ridículo. A realidade era aquela sala arruinada e velha. O meu entusiasmo era uma ilusão que contruíra sozinho a partir de nada. Sentado, assistia às sombras que cresciam das pernas dos cadeirões."





José Luís Peixoto - excerto de "Cemitério de Pianos".

sábado, 20 de junho de 2009

"Será que o homem ainda é homem? Ou ter-se-á tornado um alfabesta?!"




Já pensaram que passamos mais tempo a ler e a escrever do que a praticar actividades divinas?


Diálogo entre Zeus e Hermes sobre os humanos:

"Zeus: Passam mais tempo a ler e a escrever do que a fazer amor?

Hermes: Sim.

Zeus: E do que a comer e beber, cantar e dançar, correr e lutar?

Hermes: Também.

Zeus: Não?! Não passam com certeza mais tempo a ler e a escrever do que a não fazer nadaP

Hermes: Pois bem, sim, passam!

Zeus: Sempre inclinados sobre esses caracterzinhos do alfabeto?

Hermes: Em algumas regiões utilizam-se outros conjuntos de caracteres, mas na maior parte é o alfabeto, mesmo que os habitantes das diferentes comunidades, a que eles chamam nações, façam combinações diferentes.

Zeus: Será que o homem ainda é homem? Ou ter-se-à tornado um alfabesta?!"



Sabem o porquê do nosso sistema de escrita se chamar alfabeto?

Pois bem...os Gregos criaram, a partir dos caracteres importados dos Fenícios, o primeiro verdadeiro alfabeto. Como a ordem das letras deste alfabeto era "alfa" e de seguida "beta" o nome ficou "alfabeto".


E mais - sabiam que "alfa" significa "boi" e "beta" significa "casa"? Pois...porque este incrível e maravilhoso sistema de escrita foi inventado porque os homens, dadas as suas actividades económicas (agricultura, pecuária, ...) tiveram necessidade de se tornar contabilistas e criar leis sobre as propriedades.



Estou na página 24 do livro "A Última Metamorfose de Zeus", livro da autoria de José Morais e Régine Kolinsky, e tudo o que escrevi foi retirado de lá. E nestas poucas 24 páginas já descobri coisas bastante interessantes sobre a história da escrita na humanidade.


E entrando agora noutro tema, sabiam que quando lemos e escrevemos existe uma área no nosso cérebro que se activa? A Visual Word Form Area activa-se perante letras e palavras. Mas a escrita surgiu há 5400 anos. Como é que o nosso cérebro já possui uma área específica para a leitura? Paradoxal... A Visual Word Form Area era, antes da aprendizagem da leitura, uma área cerebral especializada no reconhecimento visual... no entanto, parece que com esta aquisição cultural houve uma "reciclagem neuronal" que substituiu as antigas funções desta área pelas novas exigências provenientes da cultura. E já agora, citando, tudo isto está de acordo com Dehaene (2005) - no livro "Les Neurones de la Lecture".


Não vou continuar a falar deste tema pois qualquer um que por aqui apareça e saiba que já entrei (mornamente) de férias vai chamar-me maluca por continuar a ler sobre estes temas depois de ter passado um semestre inteiro a trabalhar nisto.



Mas eu gosto tantooo.... :)

terça-feira, 16 de junho de 2009

Desmotivação profunda..




Pois é.

É incrível. Passamos um semestre inteiro a trabalhar. São noites com poucas horas de sono, horas enfiados em Bibliotecas, corridas pela Cidade Universitária em busca de livros, dias em frente ao computador a escrever, pilhas e resmas e montanhas feitas com artigos em inglês (ou mesmo francês) para ler, saúde que se perde, lágrimas que nos apetece deixar cair por todo o esforço, tempos coms os amigos sacrificados. Enfim, a vida académica.

Mas depois era bom podermos chegar ao fim e dizermos "foi duro, difícil...mas consegui!!O meu esforço valeu a pena!!" Mas valeu a pena? Não...
Este semestre gostei particularmente de algumas cadeiras, de forma bastante apaixonada. Empenhei-me mesmo muito nestas cadeiras e gostava de me especializar nessas áreas quando acabar a minha formação de base. São anos e anos que perdemos a estudar. Podia dizer que esses anos são anos de sabedoria e conhecimento que ganhamos nas nossas vidas... mas será só isso? Será que não estou a perder anos de vida? Será que caminhamos cada vez mais para esgotamentos, problemas de saúde originados pelo sistema nervoso, problemas originados pela falta de descanso...?

Trabalhamos, e trabalhamos, e trabalhamos afincadamente....dediquei-me tanto àquelas cadeiras, de uma forma que nunca me dedicara antes a cadeira nenhuma... E nao é que agora chego ao fim e sinto que grande parte do meu esforço não foi recompensado?
É revoltante chegarmos ao fim e não podermos dizer "valeu a pena". Raramente me acontece isto, mas hoje aconteceu, e depois de um semestre inteiro a lutar contra problemas de saúde e a oferecer toda a minha dedicação, esforço e empenho a estas cadeiras...afinal devia ter-me empenhado noutros parâmetros para conseguir notas que correspondessem ao meu esforço.

Desenvolvendo...

...o que não me apetecia muito desenvolver.

Slides com matéria, tanta informação, tantos conceitos...

Que conceitos são esses?
Afinal de contas, será uma criança de 10 anos capaz de soletrar letras?

Comportamentos alfa, beta e gama... comportamentos de defesa?

Vou à procura mas...espera! Então e as notas dos trabalhos daquela cadeira...deixa cá ver...não, ainda não saíram... e o que é que eu estava a dizer? Espera, espera, lembrei-me agora que me esqueci de dizer qualquer coisa na pergunta da outra cadeira, deixa confirmar... bolas esqueci-me...estou deprimida... vou ver um bocadinho de TV para descomprimir...

Comportamentos alfa, beta e gama? Onde é que isso já ia?


(PS - Será isto comum a todos os estudantes ou serão apenas alguns a procrastinar?)

:)

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Um lema para a vida

Em Brasileiro:



Em Inglês:



Em Português:

BASTA NADAR, BASTA NADAR, BASTA NADAR NADAR NADAR!
(se alguém souber do link no youtube para a versão portuguesa por favor avise-me!)

:)


É O NOSSO LEMAAAA :D

Procrastinadoras Aplicadas!

Não fosse a loucura dos últimos dias, o sono, a falta de vontade para estudar, a falta de energias, as 85 páginas de me apontamentos que me esperam ainda até 5ª feira, perante uma certa BD não poderia deixar de pensar nesta expressão - procrastinadoras aplicadas!!

Somos aplicadas, estudiosas, empenhadas....mas quando chegamos à época dos exames não há antecipações que nos valham, fazemos noitadas ou há também que faça directas, com café, com redbull, pelo motivo que for...

Discutimos sobre octanas da gasolina ou então sobre gatos, pelo meio encaixamos níveis de processamento de discurso, caça de focas, Kula, simetria, Visual Word Form Area e chegamos ao dia da entrega a bater com a cabeça nas paredes da faculdade, com cara de monstro a dizer - "Não dormi mas consegui!!!"

Sejam orais, exames onde alguns professores têm "orgasmos mentais" - passando a citar, B.-Ferreira (2008) - ou sejam simplesmente entregas de toneladas de papel nos cacifos dos professores - a energia é constante, a boa disposição também, descontracção, ainda temos a 2ª fase e a vida académica é assim no nosso grupinho da FPCE eheh!!

E venha o exame de Psicologia do Desenvolvimento na próxima 5ª feira, antes que eu passe de procrastinadora aplicada a fugitiva fpceiana!!

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Rotinas

As rotinas sao para autómatos. E nós somos humanos. Porque é que tentamos ignorar a nossa essência, mascarando-a constantemente com “ter que fazer”, horas para isto, horas para aquilo, planeamento obsessivo de todas as horas, minutos, segundos...?
Recuso-me a confinar a minha vida a rotinas. Para quê? Não é essa a natureza humana. Não é essa a minha natureza. É importante planear, decidir, organizar. Mas não quero passar o resto da minha vida presa a uma rotina que não é a minha, com todas as horas, minutos e segundos planeados ao mais ínfimo pormenor. Onde está a liberdade?

Será que os rotineiros obcecados são felizes? Não acredito nisso. Eu não sou feliz quando sou arrastada para essas rotinas...Não sou um computador, sou humana, e simplesmente quero viver como qualquer pessoa normal sem estar confinada a uma única programação!!!

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Shh...

Ao vaguear tento concretizar-me...shhh....por favor não me acordes deste sonho que habito. Passa devagarinho ao meu lado, tenta não me acordar, faz pouco barulho.Não sei onde ando mas também não tenho destino. Vou ao sabor do vento sem saber bem a que é que ele sabe. Tento concretizar-me mas quanto mais tento agarrar coisas sólidas, mais abstractas elas se tornam. E eu vou saboreando, às vezes sabe mal, outras vezes até é agradável o sabor. Mas vou andando, esvoaçando pelo vento, procurando coisa nenhuma, e tu não tentes acordar-me. Não tentes tirar-me daqui, deixa-me ser eu a cair por mim própria se assim tiver que acontecer. Deixa-me escorrer estas ideias sem nexo para um dito futuro, sem linhas com entrelinhas que façam sentido. Deixa-me sonhar no meio do nada, porque dormindo não estou bem e acordada ainda estou pior. Prefiro ficar no centro do nada, absolutamente ausente, sem que me acordes. Shhh..por favor...não me acordes deste sonho que habito...

quinta-feira, 4 de junho de 2009

2º ano de Psicologia



Hoje é para mim um dia que poderia equiparar ao do Enterro do Caloiro.

Porquê? Porque me sinto extremamente nostálgica.

Hoje veio contra mim de forma repentina o facto das minhas aulas terem terminado hoje.

A partir de hoje encerra-se o meu 2º ano de Psicologia nesta faculdade. E tanto aconteceu e pareceu ser tão rápido...


Dói-me o coração porque ele está apertadinho com saudades. Por tudo o que vivi na faculdade.

Porque este ano passei de caloira a "doutora de merda" (ahahé mesmo a designação para o pessoal do 2º ano), cresci e a minha atitude face à Psicologia sofreu uma reviravolta.


Este ano aprendi que nem tudo o que nos dizem nas cadeiras é verdade. No fundo, cada um puxa a brasa à sua sardinha. Ou melhor, o que nos ensinam é verdade, mas há diferentes maneiras de ver cada objecto da ciência. E eu aprendi que em vez de empinar tudo tinha que começar a ter os meus pontos de vista. E comecei a tê-los efectivamente.


Apercebi-me da quantidade de percursos disponíveis que podemos seguir dentro da psicologia.

Ganhei uma nova paixão por uma das áreas da psicologia e abriram-se novos horizontes.


Porque deixei de ser caloira e agora estou a menos de 1 ano de escolher o ramo do meu mestrado. E isso é extremamente assustador, porque sei tão pouco e há tanto à minha frente...o meu futuro depende desta escolha (não todo ele, mas os próximos anos...).


Este ano aprendi tanta coisa. Aprendi montanhas de coisas nas aulas, mas nada ultrapassa os momentos no bar com os meus colegas.

Porque sem eles acho que este percurso não faria muito sentido. Não me imagino a chegar à faculdade sem passar pelo bar até à mesa deles. Sem esperar que a Catarina tome o pequeno almoço às 5ªs feiras (que nos fazia chegar sempre atrasadas às aulas de Psicolinguística Cognitiva =P e eu sempre tão impaciente)...ou as aulas de Antropologia que começavam as 13h30 e a Joana às 12h55 já estava a dizer "vamos para a aula, vamos para a aula!!" =P

Não acredito que já não vou baldar-me a nenhuma aula para ficar a jogar Trivial e aprender que existe um lago nos EUA chamado Titicaca!!

Não acredito que durante 2 meses inteiros não vou chegar à faculdade carregada de livros, com o portátil atrás, a dizer "trouxe o meu carro e consegui, sobrevivi!!"...sem ver a Joana e desatar a berrar GOOORRRDDDAAAA com a Carla no bar ou sem ver o Tiago a fugir da Nádine soltando uns sons extremamente cómicos. Que não vou tornar a andar de elevador com a Bárbara e o Tiago tão depressa, que não vou passar os próximos tempos no metro com a Pati a refilar por causa do crowding e a combinar sempre na 5ª porta do comboio. Que não vou encontrar os meus colegas espalhados pelo comboio, metro e pela cidade universitária. Que não vou trajar, mandar os meus caloiros cantar, fazer duelos com a faculdade de direito.

Que vou passar 2 meses sem me desmanchar a rir com ideias doidas para trabalhos, que não vou fazer mais posters brilhantes, nem vou mais refilar à Utopia porque nos venderam um poster em papel autocolante em vez de venderem em vinil...que não vou ouvir "Sushi" e "A Gata Christie" em mais "neurocoisas cognitivas", que não vou cruzar-me com tanta gente que faz parte do meu dia a dia, que não volto à reprografia tão cedo.


Porque apesar de estar atolhada em trabalho até dia 18 de Junho e de forma bastante intensa, esse trabalho já será feito fora das aulas...e eu este ano aprendi a amar verdadeiramente a Psicologia, e se há aulas que não me dizem nada, há outras que são extremamente interessantes e das quais terei muitas saudades... porque há tanto a aprender e tão pouco tempo...


Porque apesar de todos os defeitos da faculdade, da secretaria, afins, eu amo a FPCE e adoro estes tempos de universitária!! E este foi um ano que passou novamente a correr...


A nostalgia é imensa e apenas digo - entro de férias e levo tudo no coração. Porque disto tudo, o mais importante que daqui retiro, para além dos conhecimentos em Psicologia, são sem dúvida os momentos vividos entre amigos e extremamente bem passados. Tudo aquilo que aprendi convosco...!!


Porque é assim, a vida académica!!!


=')