"Caminho por ruas desertas, assoladas por um frio tremendo que me
envolve com garras gélidas e sinto cada passo como uma extensão do meu ser.
Estou sozinha, profundamente sozinha num lugar àparte, longe de tudo o que
alguma vez conheci. Oiço os meus passos a ressoarem no vazio em direcção à
escuridão, prestes a lançar-me para um poço sem fundo enquanto penso no que
estou a fazer. Interrogo-me sobre uma decisão semi-irracional e continuo na
minha caminhada na direcção do vazio, numa ausência de ser cada vez mais
assombrada. Tento abanar a minha consciência recordando tudo o que de mal me
aconteceu e em troca recebo vácuo, um nada esmagador que me perturba e me ajuda
a caminhar para o desespero. Algures no fundo do meu ser algo me pede para
parar, fazer inversão de marcha e regressar ao meu ponto de partida, algo muito
subtil desperta lágrimas onde pensei elas nunca poderem existir. Ainda assim,
não consigo outra coisa senão parar por um breve segundo, para ser de novo
assoberbada por uma escuridão intensa que envolve o meu ser numa tristeza
avassaladora e sigo com o meu caminho tenebroso.
Algo dentro de mim
desapareceu e perdeu-se no que me parece um sempre, talvez roubado por seres que
outrora possuíram a minha alma. E a solidão esmaga-me, qual ponto pequenino no
meio de um deserto demasiado grande para mim, enquanto ainda tento encontrar
algo a que me agarrar.
Mas nada chega em meu auxílio e eu perco-me na
direcção da escuridão, desistindo de uma luta contra mim. "
Sem comentários:
Enviar um comentário