Pois a mim, parece-me que estas actividades se destinam a um único propósito – estarmos completamente alheados do mundo, quando estamos sem ningúem. Uma fuga à realidade e, sobretudo, aos nossos pensamentos e a nós mesmos.
Ou será que estas actividades são para estarmos connosco mesmos? Para passarmos algum tempo a sós connosco? Não. Discordo. Se quisessemos estar a sós com nós mesmos, então ocupariamos o nosso tempo de forma muito diferente. Poderiamos simplesmente sentarmo-nos e reflectir. Conversar connosco, esclarecer tudo o que temos pendente nas nossas vidas. Mas porque é que tão poucos de nós perdem tempo a sentar-se consigo mesmos e conversarem consigo?
Temos medo da solidão. Não suportamos a voz do nosso próprio espírito, a mente atraiçoa-nos com facilidade e deixamo-nos emranhar em redes e ilusões que ela cria para nos sentirmos melhor. Por isso não queremos conversar connosco. É mais fácil esgotar recursos cognitivos com outras actividades que nos impeçam de ficar verdadeiramente sozinhos do que enfrentarmos as nossas realidades.
Mas o que me parece mais paradoxal e ao mesmo tempo, mais interessante, é que tentarmos fugir de nós próprios desta forma é o maior sinal de solidão interior que pode existir.